segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Nós Dois



Belíssima Canção do Grande Celso Adoufo, interpretada por outro monstro, o mineiro Tadeu Franco,

CERTAS COISAS SUAS

                                                                                                                                                                Sei que
                                                                seria
                                                                seriamente
                                                                desnecessário
                                                                saber
                                                                sobre certas coisas
                                                                suas,
                                                                Saber
                                                                 se
                                                                 sentes
                                                                 saudades minha.
                                            Saber
                                            se  suas
                                            sintonias
                                            são as mesmas
                                            Saber
                                            se sustentas ainda
                                            as mesmas sutilezas

Não sei
se
seria capaz de amá-la
sucintamente
como te amei
um dia.
Se
suas sobrancelhas
aceitariam
suavemente
o sopro dos meus lábios

Só sei que
ainda suporto
a sincope
de suas lembranças
de súbito.

São solstícios
solavancos,
Saltaria
no carrossel
de suas saias,
e sairia brincando
saltando.

                                        Eu sei
                                        que
                                        que seria
                                        desnecessário
                                        saber
                                        sobre certas coisas suas.




Julio Costa





quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

DISTÂNCIA

Há certo tempo
tento furtar sua imagem
no papel canson
Não sei desenhar
procuro no mapa estendido sobre a mesa
o local que acolhe seu destino
cartas cartográficas
linhas infinitas
pergunto-me porque a saudade consome
por que nos diminuímos
e se agiganta a figura implacável do outro
e admiro seus gestos mais simples
e admiro suas feições mais comuns,
A chuva costumeira é a mesma
trazendo frio ,fazendo lama
envolta em edredão na planície da cama
que para sempre espera-te.
Imagino-te perdida na tempestade do chuveiro
afastando o nevoeiro do espelho,
absorta em sua nudez.
Não apazigua-me as mensagens
não contenta-me os recados
deparo-me com seu retrato
estendido ao criado mudo
sorrindo-me por um segundo.




Júlio Costa 2008

sábado, 22 de janeiro de 2011

E SE EU TE VISSE HOJE

E se eu te visse hoje
com um sorriso no canto da boca
E se meus dedos
não alcançassem
seus cabelos caindo sobre os olhos
se esses mesmos olhos castanhos
pedissem aos meus para fitá-los
E de meus lábios trêmulos
não brotassem palavras
O teu abraço me enchendo de medo
e nós imóveis
mantendo uma distância
mas de alguma forma um circuito de movimentos
bombardeassem  nossas almas
E se a música cotidiana do silêncio
soasse tão boa
e o lilás das flores de amor-perfeito
tomassem suas unhas
E se sua cintura coubesse ainda
na forma insólita de minhas mãos
para que eu a esculpisse nas pedras
que cada dia apanho
e as empilho...
Se eu registrasse todos os momentos
que te procurei  entre estrelas
E a maneira como se perfume
permaneceu guardado comigo
E se teus pés pequenos precisassem
do descanso da grama
eu te reapresentaria ao verde das serras,
a silhueta das montanhas, e a  continência dos rios,
para que sussurrassem em seus ouvidos
os mantras que compus sob a chuva,
E se ajoelhasses contemplativa diante do mar
enquanto as águas tímidas rasteiras tocassem seu corpo
e as ondas dissessem o quanto te esperei.

JULIO COSTA

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

BRADO DE AGRADO

Existe um brado de agrado
saltando dos lábios teus
meus dias já estão marcados
gravados em seus camafeus!

Eu te encontrei
à beira mar
esperando um barco
para ir a Marujá
te perguntei
não respondeu,
o teu silêncio vale mais  do que o meu!

Existe um canto em acalento
saindo da tua mão
não te divido o meu pranto
concebo meu coração!

Eu te encontrei
tava embarcado
tomara  um barco
para a vila do Prelado
eu te olhei
você sorrio
eras tão bonita
quantas as águas desse rio!


Júlio Costa

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

BORBOLETAR

Puro casulo
rompe asa
de seda multicor
baila ao vento
Aquarela camufla-se
entre flores
Néctar embriagar-se do perfume
pólen
Alçar longos voos
liberdade
transitar entre montanhas
liberdade
Inteirar-se ao ar
conquistar , absorver os raios
realçar as cores
Então transfiguram
viajar
o verbo renasce no sonho
voar, voar
borboletar!

Julio Cesar Costa- "Cacos de Mim" 1994




                            Interpretação de Carlos Malungo para o poema    
                            "borboletar", uma bela composição do talentoso
                            cantor e compositor mineiro, radicado em      
                            São Paulo, meu parceiro de longa data.      

ACORDA

            JULIO CESAR COSTA - DA SÉRIE PROCURANDO UM "P" EM PEDRINHAS 2008

sábado, 8 de janeiro de 2011

GRAÇA

Da vida, perdi de todo o gosto
desde o dia
em que me deixastes,
ó da Graça,
por um medíocre pressuposto
ou por medo de meu amor latente.

Ai quem me dera
ter em mim
essa volúpia
desse teu amor em ânsia
eu voltaria então,
a nossa pura infância
e te roubaria um beijo
primeiro desejo
desse meu amor insano.

Da vida, perdi de todo o gosto
desde o dia
em que não vi mais seu rosto
tua face pálida
na moldura opaca
do artista plástico.



Júlio Costa ( Cacos de mim- poesia arte 1994)

SONETO DE TODO AMOR QUE SONHEI

Foste um dia todo amor que sonhei
Foste um desejo transparente
Toda lágrima que derramei
A viva luz do meu sol nascente.

Foste na vida meu maior momento
Muito mais que paixão, foste amor,
Foste também sofrimento
que soprou-me no vento numa lástima dor

Foste toda a poesia
que arranquei de meu peito
e assim já sem jeito te abracei não sabia

que no fim desse dia
padecia em teu leito
nem amor,nem paixão, só a morte queria.

Júlio Costa ( Cacos de Mim) poesia arte 1994