A LIRA DOS VENTOS
Quando o amor
encontrou
Minha face no chão
Resgatou-me,
ergueu-me
Como um redemoinho
Levando um papel.
E eu ainda sem forças
Escorei-me nas
encostas dos morros
E deixei que a chuva
escorresse entre meus dedos
Como uma grande árvore
que faz sua própria intempérie.
E a claridade da
manhã me fez ver
Quão diferentes tons
verdes cobriam o cabelo das matas
Quando a amor
encontrou
Minha face no chão
Arrastou-me, jogou-me
Como uma enxurrada
No fim de estação...
Eu pude caminhar
sobre as águas
E ver-te ninfa entre
ninfeáceas
Brancas como
arredondados seixos
Amarelas como broas
de pétalas
E vermelhas como céu
da tarde.
E das costas do
outeiro
Pendurei-me nas
bordas do arco-íris
E voei como voa um cuitelinho
Só para sentires
Mesmo que tardiamente
o
No ruflar de minhas
asas.
A cantiga cantada da
lira dos ventos.