SÃO SUAS
ESSAS DESESPERANÇAS QUE ME RONDAM
O MEU ABANDONO E FRUTO DE SUA AUSÊNCIA
SAIBA ENCONTRARAS FAGULHAS TIMIDAMENTE QUIETAS
OUTORA INQUILINAS DO FOGO
QUE SÓ CONSOMEM
O QUE LHES É PERMITIDO.
SÃO MINHAS
ESSAS INVESTIDAS CONTRA O TEMPO
MINHAS DUVIDAS SÃO ÚNICAS SENTENÇAS
E ENGESSAM-ME COMO MORDAÇAS DE CIMENTO
SÃO NOSSAS
ESSAS CUMPLICIDADES TARDIAS
ESSES DESEJOS DESORDENADOS
ESSE FALAR QUIETO
ESSE CANTAR EM RESPOSTA AOS PASSARINHOS...
JULIO COSTA
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
MONOGRAMA
Versos teus , meu amor!
eu achei pelo chão
como se fossem folhas
numa só direção.
Versos teus, meu amor!
eu achei rabiscado
num negro carvão escondido
na parede enfeitada à cal.
Agarrei os com fúria
esvaziaram-me as mãos
entreguei-me a lamuria
exorcizei a razão
Versos teus , meu amor!
eu achei
rabiscados na lama
desprezei o rancor
revisei nossa trama
reencontrei nosso amor
eu achei pelo chão
como se fossem folhas
numa só direção.
Versos teus, meu amor!
eu achei rabiscado
num negro carvão escondido
na parede enfeitada à cal.
Agarrei os com fúria
esvaziaram-me as mãos
entreguei-me a lamuria
exorcizei a razão
Versos teus , meu amor!
eu achei
rabiscados na lama
desprezei o rancor
revisei nossa trama
reencontrei nosso amor
num velho monograma.
Júlio Costa
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
AMOR
Entre lágrimas e pétalas
o amor me vem
me faz refém.
O efémero beijo me angustia
um ser excêntrico
de volúpia, fugaz,
Um andrôgeno ser me é o amor
fruto inocente repousando num quarta de relíquias
O amor agora é somente barulho de chuva chuviscada no telhado
Os pés teimosos insistem em sujar o tapete da sala.
As fronteiras são imagens
A moradia é universo
O gueto é universo
O núcleo é universo
O vale é universo
ama-se aqui, como se ama em além mar
é medíocre camuflar o amor
debruçado na sombra fria
entregar-se ao amor
ao seu último respaldo
no fim desse dia.
Julio Costa 12?11/1996
o amor me vem
me faz refém.
O efémero beijo me angustia
um ser excêntrico
de volúpia, fugaz,
Um andrôgeno ser me é o amor
fruto inocente repousando num quarta de relíquias
O amor agora é somente barulho de chuva chuviscada no telhado
Os pés teimosos insistem em sujar o tapete da sala.
As fronteiras são imagens
A moradia é universo
O gueto é universo
O núcleo é universo
O vale é universo
ama-se aqui, como se ama em além mar
é medíocre camuflar o amor
debruçado na sombra fria
entregar-se ao amor
ao seu último respaldo
no fim desse dia.
Julio Costa 12?11/1996
ANJO
Minha branca menina
para onde esse mórbido destino
nos encaminha?
Insuperável mulher!
porque mesmo distante
de ti voltei
carregando o fardo
de tudo que por ti não abandonei.
A dor de sofredor por um amor platónico
e vivo remando contra a correnteza
por esse amor estapafúrdio, anti lógico
mas se redime ante a tua beleza
Minha branca menina
porque descestes do céu?
como um anjo em sua sina
com a fúria de um Lúcifer
ou um amor de Gabriel
ó minha branca menina
porque não me levas ao céu?
Julio C Costa 15/01/1992
para onde esse mórbido destino
nos encaminha?
Insuperável mulher!
porque mesmo distante
de ti voltei
carregando o fardo
de tudo que por ti não abandonei.
A dor de sofredor por um amor platónico
e vivo remando contra a correnteza
por esse amor estapafúrdio, anti lógico
mas se redime ante a tua beleza
Minha branca menina
porque descestes do céu?
como um anjo em sua sina
com a fúria de um Lúcifer
ou um amor de Gabriel
ó minha branca menina
porque não me levas ao céu?
Julio C Costa 15/01/1992
terça-feira, 30 de novembro de 2010
INTERCESSÃO
Toda essa dúvida
toda essa distância
essa carência
essa sua recusa
com tanta elegância
todo esse carisma
que tanto preciso e nunca tenho
toda essa timidez
todo esse medo de te amar em voz alta
essa maldita sensatez
essa atrevimento
como me faz falta
esse medo de ferir e ao mesmo tempo
essa necessidade de te possuir
toda essa vida dedicada a você
espero que poça entender
te amo!
deixo o tempo interceder
Júlio César( Cacos de mim 1994)
toda essa distância
essa carência
essa sua recusa
com tanta elegância
todo esse carisma
que tanto preciso e nunca tenho
toda essa timidez
todo esse medo de te amar em voz alta
essa maldita sensatez
essa atrevimento
como me faz falta
esse medo de ferir e ao mesmo tempo
essa necessidade de te possuir
toda essa vida dedicada a você
espero que poça entender
te amo!
deixo o tempo interceder
Júlio César( Cacos de mim 1994)
ONDE SE ESCONDE O SORRISO
VISTA ESSE SORRISO
QUE ALGUÉM DEIXOU
AQUI NA ESQUINA
COMO ELE CAI BEM EM VOCÊ
ALIÁS, TODOS OS SORRISOS
TORNAM-SE TÃO LINDOS
QUANDO ESCONDEM-SE
EM SUA BOCA.
JÚLIO CÉSAR
QUE ALGUÉM DEIXOU
AQUI NA ESQUINA
COMO ELE CAI BEM EM VOCÊ
ALIÁS, TODOS OS SORRISOS
TORNAM-SE TÃO LINDOS
QUANDO ESCONDEM-SE
EM SUA BOCA.
JÚLIO CÉSAR
terça-feira, 2 de novembro de 2010
DEVOLVA-ME
Devolva-me o samba
Que te dediquei
Se a vida descamba
Não fui eu que errei
Não fui eu que esqueci de dizer
Quem eu era em verdade
Agora quando ouço
Esse samba em boca alheia
Minha vista escurece e perna bambeia
Agora, é que dou meia volta
E sigo sorrindo
Para tirar a tristeza de um peito traído.
Pois eu sou
Como a terra
Que a chuva celebra
“Estou virado num cerne”
Que enverga e não quebra
Agora!
Júlio Cesar da Costa
sábado, 23 de outubro de 2010
QUASE NADA
Restou de ti em mim
um sorriso só
qual um timbre
equacionando em minha mente
todas as fases
que dediquei-me a você.
Restou de ti em mim
um lamento
como pesa um tormento
por deixá-la partir
Então eu ignoro as evidências
eu enfrento as armadilhas
assim como quem chora ou sorri
por muito pouco
ou quase nada!
um sorriso só
qual um timbre
equacionando em minha mente
todas as fases
que dediquei-me a você.
Restou de ti em mim
um lamento
como pesa um tormento
por deixá-la partir
Então eu ignoro as evidências
eu enfrento as armadilhas
assim como quem chora ou sorri
por muito pouco
ou quase nada!
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
ASAS
Ignore as últimas gotas de creme no espelho
Essas fotografias doem tanto quanto as cores
Juro que não vi quando tu choravas,
Agora eu vou,
Mas essas minhas asas são tão pequenas,
Os sonhos se findam na velocidade e
não na amplitude, disse-me o velho.
O portão rangeu, a menininha de olhos claros
sorrio-me, com seu vestido translúcido e esvoaçante
queria dizer-te que tudo poderia ser diferente
mas a porta já se fechou
as telas, os discos ficaram também.
Onde estaria todo aquele amor?
Provavelmente encharcando pinga com limão
No rádio uma canção dizia
“Que a vida é respirar, ter prazer e desprazer”
Tranco a porta do auto e deixo o vento acariciar
Minha face e barba, simplesmente,
Na doçura lisa do asfalto.
Júlio César da Costa
Poética da Predilecção
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
LINHA
Minha tristeza tornou-se ineficaz
diante da montanha tão flagelada
Tua voz estava melancólica do outro lado da linha
e fechei os olhos até sentir meus dedos tocando sua face
num gesto somente meu de carinho,
mas era teu corpo e teu ser por inteiro
invadindo-me a madrugada
Quis dizer-te tanta coisa que sucumbisse essa inércia
a essa sensação inoperante de fragilidade.
É inútil te dizer das coisas avassaladoras que me invadem
Sei que tememos esses cataclismos.
Pois tu és o ciclone que varreu as encostas
e regenerou as ondas do mar
que descabelou as árvores
e fez ajoelhar os coqueiros.
Tua voz estava melancólica do outro lado da linha
Mas agora a vejo suspensa no equador
Ignorando a própria linha
E o sorriso de tufão agora é brisa
E teu hálito de flores que tudo paralisa.
Toda a poesia das coisas e dos homens
das esquinas solitárias
da solidão das horas vagas.
Júlio César da Costa
sábado, 9 de outubro de 2010
FADA
Você menina
é uma pedrinha de jade
não sabe, só cabe....
numa rosa em botão!
Você princesa
é uma pétala de orquídea
epífita
explícita
presa nos galhos da lua.
É maga, é fada é ninfa
com suas asas de papel
machê,
de seda,
presa nas bordas do céu!
Júlio César da Costa
é uma pedrinha de jade
não sabe, só cabe....
numa rosa em botão!
Você princesa
é uma pétala de orquídea
epífita
explícita
presa nos galhos da lua.
É maga, é fada é ninfa
com suas asas de papel
machê,
de seda,
presa nas bordas do céu!
Júlio César da Costa
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
ONDE ESTA O AMOR
Um amor não se pode medir assim
Com palavras nem canções
Só um simples aterrissar como colibri,
Com a face inversa da mão ofertar um carinho
São cidades paradas por nada
E se cruzam em ruas, alamedas, calçadas
Sem incapaz de dizer:
“to aqui”
Deixei uma rima por detrás do retrato
Seu sorriso eu roubei da fotografia
Um amor desmanchando no chão
Como bala descascada ao sereno,
É manjar de formigas,
Devolva-me o aceno
Que me levou da janela
Descascando cebola
Chorando sobre a panela
Um vinil na vitrola
Deslizava Tim Maia
E o molho vermelho já manchou a sua saia,
Arrebentei a sapucaia!
Mas é no peixe com coco
Que o amor me renasce
É com alho, sal e coentro
Veja assim, lá por dentro
O amor estava aqui!
Júlio Cesar da Costa
Poética da predilecção
LIBERTA-ME
Liberta-me dessa mórbida paixão
pois esta mulher é como sândalo
é uva fresca entre meus lábios
e suas coxas ao tocarem meu ventre
são como o abraço das águas.
Liberta-me dessa mórbida paixão
pois esta mulher é como o vento
soprando meu peito
e seus lábios úmidos e quentes
são como chuvas de verão.
Liberta-me dessa mórbida paixão
pois esta mulher é como a síndrome
aniquilando-me
minado-me as bases
sugando-me as forças,
e os seus seios juvenis
São como flores de primavera.
Liberta-me dessa mórbida paixão
pois esta mulher é como o oceano
e seus cabelos jorram em ondas
sobre a minha face
e o seu sexo
é uma corrente marítima
puxando-me
afogando-me
condenando-me
a morrer no seu gozo.
Julio César da Costa
terça-feira, 5 de outubro de 2010
UMA MANHÃ PARA VOCÊ
Quando você pensar
que nada mais existe
entre um lacónico horizonte
e um infinito céu de fim de tarde,
e buscar respostas para tantas indagações
sem saber que sob sua janela
no gramado do jardim
há tantas ervas daninhas que
queriam ser flores,
e você sonolenta numa manhã de sábado
sente-se muito mais...
quando a chuva canta na calha do telhado
e escorre suavemente pelo chão do quintal
querendo molhar o jornal
que porém, o jornaleiro previdente
o embalou com cuidado.
E esse jornal
trás notícias
fatos que só valem para esse dia.
Há agora um sorriso teu distante do
espelho do banheiro
com a boca toda maquilhada
pelo branco refrescante
do creme dental,
e os cabelos aprisionados
Um dia a mais é sempre diferente
de um dia de ontem?
Júlio César da Costa
que nada mais existe
entre um lacónico horizonte
e um infinito céu de fim de tarde,
e buscar respostas para tantas indagações
sem saber que sob sua janela
no gramado do jardim
há tantas ervas daninhas que
queriam ser flores,
e você sonolenta numa manhã de sábado
sente-se muito mais...
quando a chuva canta na calha do telhado
e escorre suavemente pelo chão do quintal
querendo molhar o jornal
que porém, o jornaleiro previdente
o embalou com cuidado.
E esse jornal
trás notícias
fatos que só valem para esse dia.
Há agora um sorriso teu distante do
espelho do banheiro
com a boca toda maquilhada
pelo branco refrescante
do creme dental,
e os cabelos aprisionados
Um dia a mais é sempre diferente
de um dia de ontem?
Júlio César da Costa
ENCANTO
Uma menina de olhos azuis,
verdes, lilás, não sei,
me sorrio,
tolo eu
mal sabia que aceitava ali o encanto
ela cheirava a flor do campo,
e o seu sorriso era uma hipnose, sem precedentes.
Uma alegria contagiou-me
como um sangue em veia,
transfigurada em gente
mostrou-se uma sereia
e revelou seu canto veemente.
Meus braços brotaram em galhos de araribá,
por ela eu podia uma estrela apanhar
mas na sombra
essa menina,
cantava canções de embalar,
suas vestes sorviam as cores dos pássaros
que assim sob impacto mal podiam cantar.
Voltei ao caminho como num despertar
e ela lançou-me um beijo
de puro desejo
jogado com as mãos
me paralisando os sentidos
com perfumes de murta
e sabores de fruta
de qualquer temporão.
Só guardei dela com ternura
o contorno do seio
mesmo assim com receio,
preso em minha mão!
Júlio César da Costa
Poética da Predilecção
verdes, lilás, não sei,
me sorrio,
tolo eu
mal sabia que aceitava ali o encanto
ela cheirava a flor do campo,
e o seu sorriso era uma hipnose, sem precedentes.
Uma alegria contagiou-me
como um sangue em veia,
transfigurada em gente
mostrou-se uma sereia
e revelou seu canto veemente.
Meus braços brotaram em galhos de araribá,
por ela eu podia uma estrela apanhar
mas na sombra
essa menina,
cantava canções de embalar,
suas vestes sorviam as cores dos pássaros
que assim sob impacto mal podiam cantar.
Voltei ao caminho como num despertar
e ela lançou-me um beijo
de puro desejo
jogado com as mãos
me paralisando os sentidos
com perfumes de murta
e sabores de fruta
de qualquer temporão.
Só guardei dela com ternura
o contorno do seio
mesmo assim com receio,
preso em minha mão!
Júlio César da Costa
Poética da Predilecção
MORENA
Morena
mal seu nome eu guardei
mas o calor da tua face
ainda esta nas minha mão.
Morena
o arrepio de suas costas
é a floresta dos meus braços
lhe cobrindo de calor.
Teu perfume inebriante
junto a fenda da tua boca
que beijei com embriaguez.
Te daria tanta coisa
cantaria-te em versos
secaria seus cabelos
com o linho que é das ninfas.
Morena
mal seu nome eu guardei
mais a relva da tua pele
ainda esta na minha mão
Morena
a brilhar ao seu sorriso
como um sol à meia-noite
como um afago no açoite
e sua fina discrição.
Te daria tanta coisa
pintaria seu retrato
beijaria suas mãos
engomaria seus lençóis
secaria seus cabelos
com o sopro
que é do vento,
Morena!
Júlio césar da Costa
Poética da Predilecção
mal seu nome eu guardei
mas o calor da tua face
ainda esta nas minha mão.
Morena
o arrepio de suas costas
é a floresta dos meus braços
lhe cobrindo de calor.
Teu perfume inebriante
junto a fenda da tua boca
que beijei com embriaguez.
Te daria tanta coisa
cantaria-te em versos
secaria seus cabelos
com o linho que é das ninfas.
Morena
mal seu nome eu guardei
mais a relva da tua pele
ainda esta na minha mão
Morena
a brilhar ao seu sorriso
como um sol à meia-noite
como um afago no açoite
e sua fina discrição.
Te daria tanta coisa
pintaria seu retrato
beijaria suas mãos
engomaria seus lençóis
secaria seus cabelos
com o sopro
que é do vento,
Morena!
Júlio césar da Costa
Poética da Predilecção
TRISTE CARNAVAL
Sinto muito minha amiga
já não estou pensando em ti
desde aquele Carnaval
que meu dia virou cinza.
Saboreio essas lembranças
nesse copo meu de fel
hoje são como água mansas
linha dez sem carretel.
Mas não penses que foi fácil
arrancar você de mim
fores minha flor de lácio
meu perfume de jasmim!
Foi na marcação do surdo
que você se despediu
preteriu-me ao absurdo
e de mim se evadiu.
No botequim da praça
tocava um samba canção
foi num copo de cachaça
que encontrei lamentação.
e por quarenta dias
sem deserto a me entreter
padeci como o Messias
para num verso renascer!
Júlio Cesar da Costa
Poética da Predilecção
já não estou pensando em ti
desde aquele Carnaval
que meu dia virou cinza.
Saboreio essas lembranças
nesse copo meu de fel
hoje são como água mansas
linha dez sem carretel.
Mas não penses que foi fácil
arrancar você de mim
fores minha flor de lácio
meu perfume de jasmim!
Foi na marcação do surdo
que você se despediu
preteriu-me ao absurdo
e de mim se evadiu.
No botequim da praça
tocava um samba canção
foi num copo de cachaça
que encontrei lamentação.
e por quarenta dias
sem deserto a me entreter
padeci como o Messias
para num verso renascer!
Júlio Cesar da Costa
Poética da Predilecção
UM TANGO PARA ELIS
Achei a porta entreaberta
entre o céu e o sonho
entrei, e tu já estavas lá
impressionou-me,
uma imensa cabeleira transformada em espumas.
O mar é mais uma menina.
Há tantas estrelas nos conduzindo
para estarmos entre elas,
e a noite é uma poetisa que bebe vinho
em taça branca de antúrios,
seu sorriso enfatiza o amor perseguindo
grilos na relva.
Faz horas que entrei
estive em tantos caminhos e não a encontrei,
os pés queimando na areia alva e fina
do começo da praia,
O sol sim, é senhor das coisas
das mais radiantes às sombrias
e deixas-te esconder-te por detrás do chapéu
enfeitado com fita vermelha de cetim
e bronzeia-te por inteira
dourando seu corpo em carinhos intermináveis.
O sol se foi sem dizer adeus...
A noite voltou
agora envolta no seu manto cor de prata
declamando poemas, cheirando a incensos raros
cantando canções jamais ouvidas.
Mansamente chegastes em silêncio
a lua cheia iluminava seus passos
como se abrisse caminho.
Pude ver a porcela fina do seu rosto
seu sorriso expandia-se como uma
maré de fim de tarde
o vestido negro,as coxas nuas,
os pés timidamente descalços na areia.
Encontrei-te
a noite já ébria calou-se,
as sereias acomodaram-se na ponta de um lajedo
as ondas arremessavam-se contra as pedras
trazendo um som de orquestra
e das bocas das sereias imediatamente
soava um canto lindo de se ouvir,
a princípio indefinido,logo após,
tinha um som binário
com compassos de dois quartos
sim, era um um tango,orquestrado pelo som das ondas, vento e pedras.
Seus olhos brilharam,
e nos lançamos numa frenética e envolvente dança
de movimentos precisos, sensuais,envolventes,
"como um pensamento triste' que nos induzia á dança,
e a mesma dança , avança num duelo de corpos e
sorrisos sincronizados,
um tango como jamais viu-se igual.
os pés molhados pela água
multiplicando as pegadas
seu sorriso sincopado
parece agora cansado
tal qual beijo preguiçoso,
langoroso.
Até cairmos exaustos e encharcados na areia
depois rimos, gargalhamos e dormimos
cantando...
Júlio Cesar da Costa
Poética da Predilecção
DEIDADES
Graças mil, dou graças
Graça era o esplendor
Mãos que teciam sedas
tramas das aranhas
e nos lábios forças estranhas
induzindo o seu beijar.
Ling Ling era a gueixa
bonequinha cor de ameixa
aprisionada na redoma
mas sem culpa
só com queixa,
quase sempre injuriada
uma gueixa tão precoce
Só sorria com Jim Morrison
ou quando via seu nirvana
superando seu apego
suplantando seus sentidos
e fumando displicente
seu cigarro poderoso
sonhava com uma cabana
lá na Ilha do Cardoso.
Ivana , era de tudo elegante
como era doce essa Ivana
desfilava como uma fera
deslumbrante na savana
tinha um ventre de mãe
e um colo de ninfa
sonhava ser qual as figueiras
disse-me que vinha de Antares
gente dicotiledônea
com raízes tabulares.
Lis era um conjunto de pétalas
sua pele aveludada
seu sorriso de arco-íris
braços de oxumaré
a textura de seu ventre
o embalo de sua dança
era o espanto da serpente
abraçando-me com fúria
Só livrava-a da loucura
quando ouvia-me declamar
assentava sua face
quase junto aos meus pés
emaranhava seus cabelos
junto ao meu calcanhar
e sorria ou chorava
como um vento ama ao mar!
Júlio César da Costa
Poética da predilecção
Graça era o esplendor
Mãos que teciam sedas
tramas das aranhas
e nos lábios forças estranhas
induzindo o seu beijar.
Ling Ling era a gueixa
bonequinha cor de ameixa
aprisionada na redoma
mas sem culpa
só com queixa,
quase sempre injuriada
uma gueixa tão precoce
Só sorria com Jim Morrison
ou quando via seu nirvana
superando seu apego
suplantando seus sentidos
e fumando displicente
seu cigarro poderoso
sonhava com uma cabana
lá na Ilha do Cardoso.
Ivana , era de tudo elegante
como era doce essa Ivana
desfilava como uma fera
deslumbrante na savana
tinha um ventre de mãe
e um colo de ninfa
sonhava ser qual as figueiras
disse-me que vinha de Antares
gente dicotiledônea
com raízes tabulares.
Lis era um conjunto de pétalas
sua pele aveludada
seu sorriso de arco-íris
braços de oxumaré
a textura de seu ventre
o embalo de sua dança
era o espanto da serpente
abraçando-me com fúria
Só livrava-a da loucura
quando ouvia-me declamar
assentava sua face
quase junto aos meus pés
emaranhava seus cabelos
junto ao meu calcanhar
e sorria ou chorava
como um vento ama ao mar!
Júlio César da Costa
Poética da predilecção
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
AQUELE VENTO
Aquele vento
carregava centelhas faiscantes
de teus cabelos como um pôr-do-sol,
tingindo de sangue todas as árvores na distância
O que levastes de mim?
como um sopro ligeiro
carregado de folhas,
nem um olhar sequer para trás.
Aquele vento
carregava anelos desfeitos
de teus cabelos como um tufão
destruindo valentemente incontido
todas as cercas.
O que levastes de mim?
como um banho de chuva esperado
nem um adeus sequer ficou.
Mas quantas vezes agora
imploras em sonho um abraço meu
quantas vezes torturou-me pensando em mim
trazendo um incomodo na madrugada
com raios e relâmpagos lá fora,
Sossega ó vento!
sou água branda agora!
Júlio César da Costa
carregava centelhas faiscantes
de teus cabelos como um pôr-do-sol,
tingindo de sangue todas as árvores na distância
O que levastes de mim?
como um sopro ligeiro
carregado de folhas,
nem um olhar sequer para trás.
Aquele vento
carregava anelos desfeitos
de teus cabelos como um tufão
destruindo valentemente incontido
todas as cercas.
O que levastes de mim?
como um banho de chuva esperado
nem um adeus sequer ficou.
Mas quantas vezes agora
imploras em sonho um abraço meu
quantas vezes torturou-me pensando em mim
trazendo um incomodo na madrugada
com raios e relâmpagos lá fora,
Sossega ó vento!
sou água branda agora!
Júlio César da Costa
LUZ REFLEXIVA
Tua boca resume-se ao céu
distanciando-se de mim
como todos os astros boreais
tua fala me é somente angustia
na tua primavera devoro flores
ignorando fragrâncias e sutilezas.
E quanto sinto-te
na hora fria da manhã
bebo teu néctar
ao café preto de desjejun
na noite sonâmbulo
procuro teu corpo
na esperança que apazigues meus devaneios
sendo apenas sombra sob a luz reflexiva.
Júlio César da Costa
distanciando-se de mim
como todos os astros boreais
tua fala me é somente angustia
na tua primavera devoro flores
ignorando fragrâncias e sutilezas.
E quanto sinto-te
na hora fria da manhã
bebo teu néctar
ao café preto de desjejun
na noite sonâmbulo
procuro teu corpo
na esperança que apazigues meus devaneios
sendo apenas sombra sob a luz reflexiva.
Júlio César da Costa
LEMBRA-TE DE MIM!
Ser um barco sem água
Ser um barco sem cais
Ser o sol moribundo
Sem saber onde vais.
Não me digas que sabes
da vagueza de um olhar
e o infinito que cabes
num simples marulhar
Ser um barco sem água
Ser um barco sem porto
Uma nau ensandecida
Pelo sonho sonho já morto.
Só me digas que lembras
da promessa empenhada
Eu ficava e tu ias
Já singrando as baías
A cidade espelhada
Não te esqueças de mim!
Júlio César da Costa
Poética da predilecção
Ser um barco sem cais
Ser o sol moribundo
Sem saber onde vais.
Não me digas que sabes
da vagueza de um olhar
e o infinito que cabes
num simples marulhar
Ser um barco sem água
Ser um barco sem porto
Uma nau ensandecida
Pelo sonho sonho já morto.
Só me digas que lembras
da promessa empenhada
Eu ficava e tu ias
Já singrando as baías
A cidade espelhada
Não te esqueças de mim!
Júlio César da Costa
Poética da predilecção
domingo, 3 de outubro de 2010
ACONCHEGO
Não existe maior conforto
que o aconchego das coxas nuas
que toco num gesto absorto
como se já nem fossem duas.
Os seios agora são luas
feito mar num vaivém obsceno
defronto-me com as costas nuas
suas nádegas fazem-me aceno.
Não existe maior conforto
que o abraço entre o beijo afoito
na beleza da sincronia
de macho e fêmea no ato do coito.
Júlio César da Costa
Poética da Predilecção
que o aconchego das coxas nuas
que toco num gesto absorto
como se já nem fossem duas.
Os seios agora são luas
feito mar num vaivém obsceno
defronto-me com as costas nuas
suas nádegas fazem-me aceno.
Não existe maior conforto
que o abraço entre o beijo afoito
na beleza da sincronia
de macho e fêmea no ato do coito.
Júlio César da Costa
Poética da Predilecção
SIM...
SIM,SOU SÓ
SUA TARDE SEM SOL,
SUA GOTA DE CHUVA AO PÓ
NO CLARO REMANSO DO DIA.
VÁ E DIGAS O QUE TENS A FALAR
ENTENDAS O SOFRER E A HISTERIA
EU SOU COMO A AMPLITUDE DO MAR
EM RESSACAS EU ARROUBO POESIA.
MAS NÃO ESPERES RESIGNAÇÃO
NÃO LAMENTES SE EU VIER A PARTIR
DEIXE A CHAVE SOB O VASO NO CHÃO
NÃO INTERESSA-ME A TI COMPUNGIR.
LEMBRAS O PRIMEIRO INSTANTE QUE A VI
UM SORRISO FURTIVO DEIXEI
ESSE SONHO PARA TI CONSTRUÍ
SEM PENSAR NO QUE SUPORTEI
JÚLIO CÉSAR DA COSTA
NAVIO
Eu sonhei com um grande navio
mastreado por dois gurupés
deslizava entre o mar e rio
ia singrando entre os aguapés
Suas velas infladas ao vento
uma brancura esvoaçante de paz
entendi nesse exato momento
dimensão de que o sonho é capaz
Olha lá, já além da revessa
acenando já vai meu navio
cruzando a água a baía atravessa
vai deixando para trás casario
Toda noite nesse transe onírico
vejo-te acenar desse barco
abraçando a viola versifico
lisonjeio o alegrar mesmo parco.
Júlio César da Costa
mastreado por dois gurupés
deslizava entre o mar e rio
ia singrando entre os aguapés
Suas velas infladas ao vento
uma brancura esvoaçante de paz
entendi nesse exato momento
dimensão de que o sonho é capaz
Olha lá, já além da revessa
acenando já vai meu navio
cruzando a água a baía atravessa
vai deixando para trás casario
Toda noite nesse transe onírico
vejo-te acenar desse barco
abraçando a viola versifico
lisonjeio o alegrar mesmo parco.
Júlio César da Costa
POEMA ABANDONADO
Um poema abandonado
numa página qualquer
nunca d´antes tão lembrado
como um velho bem-me-quer.
Um poema enclausurado
em sua linha diacrónica
tanto tempo ali parado
sua cegueira já é cronica
Rasgue o lacre grite o verso
que o poema transcendeu
esse sonho é tão perverso
foi você quem concebeu
malfadado beijo inverso
o poema aconteceu!
Júlio César da Costa
Poética da Predilecção
numa página qualquer
nunca d´antes tão lembrado
como um velho bem-me-quer.
Um poema enclausurado
em sua linha diacrónica
tanto tempo ali parado
sua cegueira já é cronica
Rasgue o lacre grite o verso
que o poema transcendeu
esse sonho é tão perverso
foi você quem concebeu
malfadado beijo inverso
o poema aconteceu!
Júlio César da Costa
Poética da Predilecção
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
A ÚLTIMA IMAGEM
Quando você me disse adeus
eu recolhi todos os estilhaços
e sentenciei-me a não pensar mais em ti!
Foi quando os braços enormes da solidão
descansaram sobre mim
e eu contava as imagens que corriam pela janela
como um velho filme em preto e branco.
Trazia em minha palma
um último resquício de seu perfume
e cerrei os dedos como se quisesse
guardá-lo na secretude de um relicário
como se aquela essência
significasse todos os encantos e desencantos.
Procurava uma palavra que justificasse
O meu silêncio incisivo, mas todas soavam amargas
A distância se delineava ao tempo
E meus punhos fechados
Descansavam sobre meu peito.
Foi quando um sorriso teu
passeou num instante em minha mente
eu fechei os olhos relembrando tudo
o que vivemos
e tudo que te prometi
foi a última imagem que guardei de ti.
JÚLIO CÉSAR DA COSTA(POÉTICA DA PREDILECÇÃO)
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
O FIM
És um velho violão
sem cordas ao monturo
ja não tens a precisão
dos acordes que procuro.
Ninguém mais te empunha ao colo
duelistas de pistola
disvirtua-me teu solo
de Gardel à Piazzola.
És uma guitarra muerta
nada tens para cantar
te fechastes em tua puerta
para ninguém jamais entrar.
És um velho alaúde
sem traços trastejados
dediquei-te o que pude
vede os meus olhos marejados.
Bebo a sua polifonia
como uma taça de cicuta
nosso amor na asfixia
todo enredo a resoluta!
JULIO CESAR DA COSTA
É SEMPRE COMO UM VÉU
que se estende perdido
ténue na camada fina do tempo.
Em certos momentos confesso
que ausentou-me da mente
seu rosto!
eu desesperado supliquei
sua fisionomia.
Os anos se passaram
como uma velha engrenagem
um pêndulo ,
no balanço constante dos dias.
Mas eu guardei seu semblante
num coração de vidro
e cordão banhado em ouro,
meu parco tesouro
esquecido num velho porta jóias,
onde uma bailarina manquitola
rodopia numa valsa esparsa
de Frédérich Chopin!
JÚLIO CÉSAR DA COSTA
POÉTICA DA PREDILECÇÃO!
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