quinta-feira, 30 de setembro de 2010
O FIM
És um velho violão
sem cordas ao monturo
ja não tens a precisão
dos acordes que procuro.
Ninguém mais te empunha ao colo
duelistas de pistola
disvirtua-me teu solo
de Gardel à Piazzola.
És uma guitarra muerta
nada tens para cantar
te fechastes em tua puerta
para ninguém jamais entrar.
És um velho alaúde
sem traços trastejados
dediquei-te o que pude
vede os meus olhos marejados.
Bebo a sua polifonia
como uma taça de cicuta
nosso amor na asfixia
todo enredo a resoluta!
JULIO CESAR DA COSTA
É SEMPRE COMO UM VÉU
que se estende perdido
ténue na camada fina do tempo.
Em certos momentos confesso
que ausentou-me da mente
seu rosto!
eu desesperado supliquei
sua fisionomia.
Os anos se passaram
como uma velha engrenagem
um pêndulo ,
no balanço constante dos dias.
Mas eu guardei seu semblante
num coração de vidro
e cordão banhado em ouro,
meu parco tesouro
esquecido num velho porta jóias,
onde uma bailarina manquitola
rodopia numa valsa esparsa
de Frédérich Chopin!
JÚLIO CÉSAR DA COSTA
POÉTICA DA PREDILECÇÃO!
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