domingo, 8 de abril de 2012

OS VERSOS QUE GUARDEI PARA TI

Os versos que guardei para ti
São suaves como rendas de espumas
São leves como um revoar de plumas
São soturnos como canta um juriti

E deles eu pranteio a minha lousa
Avivo meu olhar no seu encanto
Aceito o suplicar de um acalanto
De ave que balança ali e pousa

E quando a tarde chama já cansada
E entrega a noite as chaves da penumbra
Procuro aurora na luz da longa  estrada

Recolho as folhas secas junto ao dia
São trechos, versos que a ti deslumbra
E chora o alaúde no jeito que eu pude te acordar,poesia.

Julio Cesar da Costa
2012


um chão no caminho

Um chão no caminho
Que só pode
Por via das duvidas ser pisado
Então passes!
Tens a força do vento
E és bem melhor que a perícia dos galhos
Que se sincronizam e cantam
Em face da ação desse mesmo vento.



Deixe que as estrelas indiquem o caminho
Além do cruzeiro do sul
Enquanto uma garça branca cruza o céu
Enquanto os piralampos cintilam luzes verdes nos pastos
E aranha d água ensaia um balé na superfície entre miasmas
Enquanto ao raios claream o céu em abstratos traços.



Deixe que eu te encontre na vazão da maré
E arranque do meu peito todas essas inconstâncias
Para que eu pare de me indagar
Porque mesmo tão distante
Mesmo além mar
Teus cabelos continuam esvoaçantes entre galhos
E entre folhas e flores de ipê descansadas ao chão.



Deixe tocar a musica da dor uníssona
Acorde todas os contrafortes das serras
Todas as pedras que calçam as trilhas
Avise-os que estão voltando
Não tenho mais a valentia de outrora
Mas conservo a alegria das tardes surradas de rubro
Onde o sol se punha vagarosamente passeando
sobre o penteado das árvores altas e  quietas.


Julio Cesar da Costa




A CONTA

Faz de conta
Que essa conta não é minha
Não posso lhe pagar com conchas
Nem com colares de capiá
Lembra quando aprisionávamos flores
Nas páginas aleatórias dos livros
Lembra quando perseguias as ondas
Sonhando com um ano novo melhor,
Segurando a saia branca
 como rosas boas para quebrar quebranto.



Faz  de conta
Que outra vida
já esta pronta
Que posso deixar essa máscara de alecrim
Rever-te colombina
Me entregando seu sorriso.



Lembra ainda do vento da beira mar
Despenteando-lhe os cabelos
E minha maneiro insólita de tocá-los
Lhe tirando sobre os olhos.



Faz de conta
Que essa conta não é minha
Não posso lhe pagar com versos
Nem com cantigas
Esqueça essas marcas de expressões
Não são por ti
São antigas...


Julio Cesae Costa