sábado, 22 de janeiro de 2011

E SE EU TE VISSE HOJE

E se eu te visse hoje
com um sorriso no canto da boca
E se meus dedos
não alcançassem
seus cabelos caindo sobre os olhos
se esses mesmos olhos castanhos
pedissem aos meus para fitá-los
E de meus lábios trêmulos
não brotassem palavras
O teu abraço me enchendo de medo
e nós imóveis
mantendo uma distância
mas de alguma forma um circuito de movimentos
bombardeassem  nossas almas
E se a música cotidiana do silêncio
soasse tão boa
e o lilás das flores de amor-perfeito
tomassem suas unhas
E se sua cintura coubesse ainda
na forma insólita de minhas mãos
para que eu a esculpisse nas pedras
que cada dia apanho
e as empilho...
Se eu registrasse todos os momentos
que te procurei  entre estrelas
E a maneira como se perfume
permaneceu guardado comigo
E se teus pés pequenos precisassem
do descanso da grama
eu te reapresentaria ao verde das serras,
a silhueta das montanhas, e a  continência dos rios,
para que sussurrassem em seus ouvidos
os mantras que compus sob a chuva,
E se ajoelhasses contemplativa diante do mar
enquanto as águas tímidas rasteiras tocassem seu corpo
e as ondas dissessem o quanto te esperei.

JULIO COSTA

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