A HORA VESPERTINA.
Fostes um dia
Um oceano como um corpo contínuo sobre a terra
E da superfície de sua pele morena morada dos deuses
Eu tingi todas as folhas adormecidas sobre os pés das
árvores...
Agarrado em sua cintura como um vento leste
Eu dancei a ciranda da hora vaga rodopiando
Como um pião amordaçado á fieira nas mãos de um menino
levado.
E bebi da sua boca um beijo gelado de água cantada na
bica
E nos deliciamos com o som e sabor das jabuticabas
explodindo entre os dentes
E deixei no lado direito presa em seus cabelos uma flor
branca de dama da noite
Que embriagou todo caminho com seu doce perfume.
Fostes um dia
Um olho d´água borbulhando entre finas areias
E da silhueta de seu corpo delgado como vagens maduras de
ingá
Eu te vi um ribeirão com um vestido de gotas e bainha
alongada de espumas
Onde as folhas se arrastavam junto à pequena correnteza
E sem que percebêssemos já eras um rio rodeado de curvas
E cantavas a melodia sublime da tarde cansada de sol
Onde as cigarras solavam contínuas
E as garças brancas num revoar lento e coreográfico
Arrastavam a cabeleira negra da noite sobre as costas do
vento
Coberta de pirilampos misturando-se ás estrelas.
Júlio Cesar Costa
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