sábado, 29 de dezembro de 2012


A HORA VESPERTINA.

Fostes um dia
Um oceano como um corpo contínuo sobre a terra
E da superfície de sua pele morena morada dos deuses
Eu tingi todas as folhas adormecidas sobre os pés das árvores...
Agarrado em sua cintura como um vento leste
Eu dancei a ciranda da hora vaga rodopiando
Como um pião amordaçado á fieira nas mãos de um menino levado.
E bebi da sua boca um beijo gelado de água cantada na bica
E nos deliciamos com o som e sabor das jabuticabas explodindo entre os dentes
E deixei no lado direito presa em seus cabelos uma flor branca de dama da noite
Que embriagou todo caminho com seu doce perfume.

Fostes um dia
Um olho d´água borbulhando entre finas areias
E da silhueta de seu corpo delgado como vagens maduras de ingá
Eu te vi um ribeirão com um vestido de gotas e bainha alongada de espumas
Onde as folhas se arrastavam junto à pequena correnteza
E sem que percebêssemos já eras um rio rodeado de curvas
E cantavas a melodia sublime da tarde cansada de sol
Onde as cigarras solavam contínuas
E as garças brancas num revoar lento e coreográfico
Arrastavam a cabeleira negra da noite sobre as costas do vento
Coberta de pirilampos misturando-se ás estrelas.


Júlio Cesar Costa



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