quarta-feira, 20 de outubro de 2010

ASAS


 


Ignore as últimas gotas de creme no espelho
Essas fotografias doem tanto quanto as cores
Juro que não vi quando tu choravas,
Agora eu vou,
Mas essas minhas asas são tão pequenas,
Os sonhos se findam na velocidade e
não na amplitude, disse-me o velho.
O portão rangeu, a menininha de olhos claros
sorrio-me,                                                                                                            com seu vestido translúcido e esvoaçante
queria dizer-te que tudo poderia ser diferente
mas a porta já se fechou
as telas, os discos ficaram também.
Onde estaria todo aquele amor?
Provavelmente encharcando pinga com limão
No rádio uma canção dizia
“Que a vida é respirar, ter prazer e desprazer”
Tranco a porta do auto e deixo o vento acariciar
Minha face e barba, simplesmente,
Na doçura lisa do asfalto.

Júlio César da Costa
Poética da Predilecção

Nenhum comentário:

Postar um comentário