terça-feira, 5 de outubro de 2010

ENCANTO

Uma menina de olhos azuis,
verdes, lilás, não sei,
me sorrio,
tolo eu
mal sabia que aceitava ali o encanto
ela cheirava a flor do campo,
e o seu sorriso era uma hipnose, sem precedentes.
Uma alegria contagiou-me
como um sangue em veia,
transfigurada em gente
mostrou-se uma sereia
e revelou seu canto veemente.
Meus braços brotaram em galhos de araribá,
por ela eu podia uma estrela apanhar
mas na sombra
essa menina,
cantava canções de embalar,
suas vestes sorviam as cores dos pássaros
que  assim sob impacto mal podiam cantar.
Voltei ao caminho como num despertar
e ela lançou-me um beijo
de puro desejo
jogado com as mãos
me paralisando os sentidos
com perfumes de murta
e sabores de fruta
de qualquer temporão.
Só guardei dela com ternura
o contorno do seio
mesmo assim com receio,
preso em minha mão!

Júlio César da Costa
Poética da Predilecção

Nenhum comentário:

Postar um comentário